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OPINIÃO: Servidão voluntária

Na Zero Hora de sábado, dia 14/7/2018, o psicanalista Aista Abrão Slavutzky discorre sobre a condição humana de servidão voluntária, que é um estado natural na criança que se submete aos pais enquanto dependente de proteção, alimentação, carinho, educação e outras situações que, com o crescimento, evoluem para a liberdade. A rebeldia dos jovens é uma etapa desse processo.

No século XVI, o filósofo francês Etienne de La Boétie usou, pela primeira vez, o termo servidão voluntária escrevendo sobre a tirania, o poder, o governo e a servidão. Faz a seguinte pergunta: "Não é vergonhoso ver um número infinito de homens não só obedecer, mas rastejar? Ele defendia a soberania do povo e a não submissão à prepotência dos governos. Posteriormente, em 1924, após a Primeira Guerra Mundial, o psicanalista Sigmund Freud volta a estudar esse tema. A servidão voluntária seria uma reação ao desamparo que acompanha a conquista da liberdade!

No artigo a que me referi no primeiro parágrafo, o psicanalista discorre sobre esse problema "... a servidão voluntária é estimulada politicamente. Vivemos tempos em que crescem os inimigos íntimos da democracia. Há uma ameaça à sobrevivência dos ideais democráticos no nosso século: crescem as estruturas autoritárias no sistema político ocidental. Pode-se dizer que a democracia corre riscos. Parte do povo pode se transformar em massa manipulável pelo Deus Mercado e seus poderosos representantes. Todos usam os trajes da democracia e podem passar despercebidos. Passa a ser crucial recuperar o entusiasmo do projeto democrático: o poder de todos. Creio que esse entusiasmo passa por se opor, em todos os níveis, à sedutora servidão voluntária". A situação descrita adapta-se perfeitamente ao nosso Brasil. Grandes parcelas do povo estão submissas a lideranças discutíveis que vêm garroteando nossa nação. É preciso reagir! O único lugar são as praças e as ruas!

Na cidade de McAllen, no Texas, ainda existem 1,1 mil crianças separadas dos pais, mantidas em abrigos nos quais passam 23 a 24 horas por dia trancadas em celas com cerca de 20 ocupantes. As janelas são escuras e as luzes ficam acesas dia e noite. Isso interfere na qualidade do sono, criando perturbações físicas e emocionais que elas levarão como traumas durante toda a vida. Drauzio Varella comenta em artigo que "é inacreditável que esses fatos ocorram num país de valores democráticos como os Estados Unidos. Olha o que dá entregar a presidência da República a um boçal".

A servidão voluntária a um projeto de governo, a um líder carismático ou a uma ideologia poderá levar-nos a situação semelhante a essa, em que não somente as crianças, mas todo o povo brasileiro venha a sofrer, por mais quatro anos, as adversidades a que estamos submetidos ultimamente. A única arma que temos é o voto consciente e a escolha acertada, sem as distorções criadas pelas mídias e a cegueira daqueles que se negam a ver a realidade!

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